quinta-feira, 2 de abril de 2009

Tecnologias comunicacionais, cultura e internet.

Desde os primórdios da vida humana em sociedade, toda grande descoberta ou invenção de caráter tecnológico, como por exemplo: a linguagem, a escrita, ou a matemática, contribuiu para algum tipo de evolução cultural. No século XX, pode-se dizer que a eletricidade é o maior exemplo disso. Pois foi a partir desta descoberta, num processo evolutivo que gerou uma série de outras invenções, que o comportamento da população mundial foi modificado significadamente. Desde a iluminação elétrica em grande escala nas cidades, até a criação das maquinas e, mais futuramente a mídia de imprensa (como a TV e o Radio), as sociedades de todo planeta foram diretamente influenciadas e sujeitas a grandes adaptações comportamentais.

Atualmente, meados dos anos 2000, com a chegada, evolução e popularização da Internet, esse fenômeno virtual de comunicação de tamanha abrangência (que nasceu da vontade e experimentalidade muitas vezes utópica de profissionais das tecnologias da comunicação e seres comuns que transcenderam suas próprias metas), não foi diferente. Analisando suas utilidades e impactos, pode-se constatar também que uma enorme revolução está acontecendo em termos de crescimento e desenvolvimento cultural.

Nesse sentido, similarmente com o que aconteceu após a invenção da maquina, inúmeras discussões filosóficas sobre as conseqüências, como as mudanças comportamentais e os reflexos sociais conseguintemente, vem surgindo; debates vem acontecendo, e ao que tudo indica, uma nova revolução informacional e mercadológica também começou.

Tal revolução é um assunto freqüentemente em pauta, tanto entre as teorias culturais acerca dos meios de comunicação, como na boca do povo, e até mesmo dentro da própria Internet, onde inúmeros movimentos e correntes pensadoras já deliberam suas posições. Alguns contra, como o neo-luddismo, alguns a favor, como o techno-utopia, e outros tentando achar um consenso (se isso for possível), como o technorealism, entre outros, a fim de criar limites ou estudar os impactos que ela vem atingindo.

Sobre o desenvolvimento da cultura digital, o autor Manuel Castells assinala: “Os sistemas tecnológicos são socialmente produzidos. A produção social é estruturada socialmente. A Internet não é exceção.” Considerando a evolução tecnológica no sistema de redes (que nasceu do sistema das telecomunicações), e de seus instrumentos de utilização conseqüentemente (a informática), muito mudou e ainda está por mudar na vida social do ser humano.

Paradigma Virtual

Com a massificação da rede, engendrou-se um novo paradigma que diz respeito à maneira como nos comunicamos. Através da rede virtual, uma nova conversação global emergiu através da cibercultura (cultura digital). Permitindo aos indivíduos, sem exceção de classes (desde que esses tenham acesso à rede), novas maneiras de compartilhar informações e conhecimentos. Algo que é muito defendido por aqueles que são a favor que a internet continue como está (“sem fronteiras”), como por exemplo, os responsáveis pelo manifesto “The Cluetrain".

Com revolução tecnológica dos anos 2000, e conseguintemente, a informacional que, principalmente através da internet proporcionou a possibilidade de qualquer individuo com acesso a rede mundial de computadores em se comunicar com outros de forma interativa e gratuita, milhões de indivíduos passaram a redigir e compartilhar conteúdos que podem ser comunicados a qualquer outro individuo que, também com acesso a rede e com interesse pelo assunto, não só recebe tais conteúdos, como muitas vezes também pode interagir com o individuo que os emitiu. O que ocasionou, alem de uma troca de informações com uma liberdade de expressão jamais vista antes, a queda do poder midiático antes detido apenas pela imprensa e grandes corporações.

Nesse sentido, e, considerando que a internet, inevitavelmente já faz parte da cultura contemporânea, inúmeras questões que abordam contextos como: o comprometimento com a moral e a ética das informações emitidas na rede, ou o embate entre a liberdade da troca de arquivos como musicas e filmes e os direitos autorais dos artistas, por exemplo, vem sendo levantadas. Tais questões, tem demandado dos poderes legislativos deliberarem de forma justa, leis que, ao mesmo tempo, estabeleçam certa ordem no meio virtual sem comprometer a liberdade de expressão, e conseguintemente, possibilidade de comunicação entre os indivíduos através da internet. Entretanto, são questões relativamente novas que também demandariam regras extremamente difíceis de serem aplicáveis e controladas, já que a internet se desenvolve pelo próprios usuários, ou melhor, por centenas de milhões de usuários ao redor do mundo que podem acessar e compartilhar conteúdos de diferentes lugares do mundo sem se identificar. O que nos leva a perceber também, que a internet é muito mais que apenas mais um meio de comunicação, mas uma tecnologia que atingiu escalas globais e está a transformar o comportamento da população do planeta em diferentes aspectos.

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