quinta-feira, 10 de abril de 2008

PERU: Diario de Bordo


Tudo preparado, malas prontas e lá fui eu!



O Roteiro: São Paulo – Lima, Lima – Cusco, Cusco - Vale Sagrado: Ollamtaytambo, Urubamba, Pisac, Sallineras, Ollamtaytambo, Ollamtaytambo – Águas Calientes, Águas Calientes – Machu Pichu, Machu Pichu – Águas Calientes, Águas Calientes – Cusco, Cusco – Lima, Lima – São Paulo.

E assim magicamente aconteceu!


Cusco

Cusco, ou “Cozco”, nome original antes dos espanhóis o mudarem por dificuldades de pronunciação, na língua Inca, que também tem nome original “Enkau” (alma), significa umbigo, sendo assim, considerado o plexo solar (magnético) do mundo espiritual andino.

O que na Era Inca foi o centro governamental e espiritual de sua civilização, e depois se tornou a base central dos espanhóis quando invadiram e praticamente exterminaram a cidade e a essência do povo Inca, hoje é o maior centro turístico do Peru, cidade que hospeda e da acesso aos roteiros turísticos mais conhecidos e procurados do Pais.

Entre grandes construções e reconstruções, o visual da cidade que fica no sudoeste peruano é encantador, se destacando por uma arquitetura muito charmosa e peculiar que denomino como “espanhol-inca”.

Alem de inúmeras ruínas, existem muitos e muitos templos em torno da cidade, que de 365 até hoje encontrados, apenas 65 estão intocados, seja pelo difícil acesso e localização ou pela freqüência vibratória dos mesmos.

Tudo que havia no centro da cidade foi derrubado e reconstruído com o toque espanhol, podendo ainda ser notado inúmeros traços das construções incas, principalmente em suas bases, através de suas gigantescas pedras organizadamente alinhadas, pedras essas que foram aproveitadas pelos espanhóis como uma espécie de alicerce para erguer suas casas, prédios e igrejas.

Sua economia, é movida por nada menos que 90% do turismo nacional e internacional, basicamente através da rede hoteleira e comercio, sendo que a única indústria da região é a cervejaria Cusqueña.

Artesanato

Cusco, assim como em quase todo o Peru, possui grande talento nativo para o artesanato, com incrível habilidade em técnicas de diferentes estilos artísticos. Desde o manuseio de tecidos para roupas, tapetes e acessórios, até jóias extremamente polidas e trabalhadas (com destaque para a prataria).

Apesar de uma mão de obra de altíssima qualidade, possuir muitas e muitas lojas onde se podem comprar tais mercadorias, um bairro inteiro com inúmeras lojinhas e restaurantes entre ruelas de paralelepípedo com um ar muito aconchegante e charmoso (o “bairro dos artistas”), a grande maioria de seus artistas não tem muito credito e lucro. Sua população é claramente muito pobre, existindo ainda centenas de comerciantes andarilhos vendendo artesanato pelas ruas, muitas vezes até num ato quase “esmolativo”, o que é normal presenciar na cidade, tornando-se uma característica do lugar.

Observando a fundo, nota-se um caráter inclusive antropológico nisso, pois desses comerciantes andarilhos, há ainda uma grande quantidade de crianças, muitas vezes expostas ao relento, à noite e o frio, numa realidade nua e crua.


A Altitude

Outra característica de Cusco, é sua elevada altitude. A cidade fica a mais de 3000 metros acima do nível do mar e possui um clima muito seco.

Portando, se pretende visitar a cidade, muita calma principalmente na aterrissagem e nos primeiros dias por lá, pois o ar é curto e difícil de respirar, às vezes causando falta de ar e possiveis dores de cabeça e tontura. Mas é algo que se acostuma aos poucos, é só caminhar sem pressa e prestar mais atenção na respiração, e em pouco tempo acostuma-se para então ter uma ótima passagem pela cidade.

O Catolicismo e a Invasão Espanhola

Junto com a invasão dos espanhóis as terras peruanas, o catolicismo, atuando opressivamente assim com no resto do mundo, foi responsável por inúmeros regressos no nível da evolução humana no Peru.

A igreja católica se instaurou e influenciou drasticamente na cidadania que se formou pela migração espanhola na cidade, unindo todas as suas forças com o governo espanhol a fim de esconder as crenças, processos evolutivos e a sabedoria do povo que habitava a cidade anteriormente (Os Incas).

Destruíram escrituras, monumentos, e qualquer aspecto, objeto ou movimento que de alguma forma pudesse apresentar contraposições a seu idealismo. Independentemente se esses conhecimentos, como foram o dos Incas, claramente colaborassem para processos evolutivos de natureza humana e espiritual universal.

Muito foi perdido, e a Igreja junto aos espanhóis, foram responsáveis pela extinção do povo Inca, de suas cidades, e a maioria do seu rico conhecimento, desde a destruição parcial de seus templos, apreensão de escrituras até a perseguição de seus mestres.

A Experiência Presenciada

O mais bacana e positivo que ganhei com a experiência de passar por Cusco, foi observando a expressão do seu povo, que mesmo com todas as dificuldades que estão expostas, sempre demonstram-se extremamente abertos, educados e sorridentes. O bom humor de sua população me fez refletir muito sobre os valores materiais, e ao mesmo tempo ganhei uma lição em como lidar com as nossas dificuldades.

Enxergando a realidade do Peru, aprendemos a não valorizar demais o ter e o representar, olhando mais para si e para os outros, reverenciando sempre com bom humor o que temos e sentimos a partir das pequenas coisas, e ainda aprendi que muitas vezes até um sarcasmo cai bem.

Presenciando a cidade, te despertas um lado mais humano pra enxergar a realidade, quebram-se tabus e nos focamos mais na importância das coisas simples, gradativamente aumentando nossa visão e consciência coletiva como irmãos nesse grande planeta, e que com certeza, a melhor e mais importante característica que o ser humano pode ter é o bom humor.

Em fim, alem de tudo que presenciei e aprendi observando a cidade, Cusco foi uma excelente passagem pelo Peru, na qual tive grandes prazeres e alegrias, muitas vezes no simples ato de caminhar pela cidade.

Entre suas encantadoras ruas e construções peculiares, em Cusco pode-se cruzar na mesma quadra, pessoas de diferentes lugares do mundo, formando uma harmônica relação humana entre turistas e nativos de sua linda e sagrada cidade.

Suas praças, lojas, espaços e restaurantes tem uma graça única que não deixa a desejar a nenhuma cidade do Brasil ou do mundo.


Vale Sagrado

O Vale Sagrado é um território extremamente vibrante e energético do território peruano, no qual se situam a maioria das cidades remanescentes da era inca e pré-inca.

Se obeservado de cima, nota-se que sua formação tem o impressionante formato de uma grande arvore (a arvore da vida). Olhando atentamente pela arvore, nota-se também o formato de uma espiga de milho (alimento muito cultivado em suas terras), que corresponde à cidade de Ollymtaytambo, e se dividirmos a arvore, também encontramos uma gigantesca pirâmide completa de 150 hectares (a maior do mundo).

Clima

O clima, alem de muito seco, oscila freqüentemente no decorrer do dia, podendo variar bastante a temperatura com apenas a passagem de alguns minutos.

Considerando que seu terreno está muito próximo do céu devido sua elevada altitude, pode estar muito frio quando nublado ou chuvoso, ou um calor de tostar a pele com o surgimento repentino do sol.

Sistema Social, Trabalho e Agronomia

Seus antepassados possuíam um grande conhecimento agrônomo. Socialistas por natureza, a população Inca não possuia divisão de classes, sendo que os individuos trabalhavam igualmente e com os mesmos direitos em prol da nação (do bem coletivo), e não apenas para si mesmos; cada um na sua area ou especialidade.

Para o sustento alimenticio por exemplo: Cientistas e operários trabalhavam juntos na construção de territórios de plantio, e inclusive alguns desses para se estudar os vegetais, como em “Moray” (cidade com maior altitude da região), o impressionante laboratório de genética vegetal ilustrado na foto, que localiza-se no topo de uma montanha a mais de 4000 metros de altura.

Seus campos, extremamente férteis, possuiam sistemas arquitetônicos e agrônomos mega inteligentes. Suas plantas, frutas e flores, são maiores e mais brilhantes que o comum até os dias de hoje, exibindo uma força de vida impressionante, como por exemplo, seus grãos de milho, que alem de inúmeras espécies só encontradas por lá, como o milho preto, todos os tipos tem um tamanho sobrenatural.

Arquitetura, Formações Naturais e Semiótica

No Vale Sagrado tudo tem um sentido, uma simbologia, e conseqüentemente um significado, seja num âmbito natural ou por obras “humanas”.

Desde o corte das pedras que formam impressionantes desenhos esculpidos em suas muralhas e templos, ou no formato inexplicável de suas montanhas, até o próprio desenho da cidade, como descrito aqui anteriormente.

O tamanho e a formação de suas montanhas são únicos. São gigantescas e exuberantes formações onde se sente uma espécie de vibração magnânima. Observando-as atentamente, são capazes de fundir-se com seu ser apenas no ato de observa-las, ainda exibindo inúmeros desenhos e formas inexplicáveis, como por exemplo, a montanha do Sapo: uma gigantesca montanha que tem o desenho perfeito de um sapo, e em seu corpo nota-se também uma semelhança incrível com o órgão genital feminino. Em outros casos, também podemos notar a formação de lhamas, pumas, condors, ou em varias outras se vê grandes rostos de pessoas, índios e etc, algo que se observado atentamente te instiga a perguntas numa busca por entender fenômenos naturais “inexplicáveis”.

As pedras de suas antigas construções foram esculpidas de maneira espetacular, com perfeitas simetrias e polimento único, alem de pesarem muito, algumas muitas toneladas.

O que depois de observado, nos leva a perguntar: Como conseguiam transportá-las? Qual era a tecnologia que utilizavam? Obs.: A maioria das construções encontradas por lá são ainda da era Pré-Inca.

Olhando mais profundamente as construções, avistamos desenhos e símbolos em seus muros e templos que demonstram a complexidade e profundidade da arquitetura e ciência que possuíam. Entre uma infinidade de formas e desenhos, facilmente avistamos condors, pumas, e serpentes, animais da região que hoje analisadas em seus templos, sabe-se que pra eles (os incas), eram símbolos representativos de sábios conhecimentos e sentimentos.

O Conhecimento Astronômico e Tridimensional.

Suas civilizações antigas também eram muito ligadas à astronomia, e possuíam profundo conhecimento na área, assim como do tempo e espaço.

Em suas construções, encontram-se uma diversidade de portais, que considerando seus domínios em anteceder grandes fenômenos espaciais futuros e a possibilidade de entrarem em contato com outras dimensões, leva-nos a acreditar na possibilidade de outro fabuloso poder, como o teletransporte, por exemplo.

Também construíam esculturas nas pedras, que dependendo do horário e dia do ano, demonstravam determinadas épocas e estações através de sombras que se formavam com a claridade do sol e da lua, outras muitas vezes através de símbolos de fertilidade, da terra e etc, sempre utilizando desenhos das formas naturais animais e humanas.

A Energia

A energia sentida no Vale Sagrado possui um ar supremo, algo que te faz entrar num questionamento extremamente amoroso com caráter universal.

Olhando e percebendo nosso exterior por lá, inevitavelmente voltamos nosso pensamento pra dentro e nossa energia conseqüentemente se expandi, levando-nos a ver o mundo e a natureza em níveis e formas muito mais harmônicas e elevadas. É algo que realmente impressiona.

Paradigmas e Paradoxos:

A partir de certas evidencias que presenciamos e aprendemos visitando e sentindo o Peru, questionamo-nos:

Em que ponto superior poderíamos estar se civilizações como a dos Incas não tivesse sido extintas?

Que manifestações universais teriam ocorrido para explicar tais fenômenos?

Será que tudo isso tem uma explicação viável em termos humanos? Seria um domínio evoluído da energia que nos cerca? Ou a possibilidade de extraterrestres mais evoluídos já terem vivido naquelas terras?

Ciêntificamente, sabemos que aquelas terras são as melhores para a observação do espaço, inclusive a maioria dos templos funcionava como observatórios astronômicos, possuindo uma infinidade de portais.

Em fim, algumas explicações ainda são grandes mistérios, mas é irredutível constatar o fato de que as civilizações que estiveram por lá possuíam um conhecimento em ciência, arquitetura, agronomia, níveis de concentração, união e espécies de governo descentralizado mega evoluídos que funcionavam diferentemente e superiormente aos nossos.

O que nos resta então é investigar e conhecer mais e mais nossos antepassados para entendermos e evoluirmos a partir do conhecimento de hoje, e assim por diante...


PISAC. Uma questão de energia.

Em todo o roteiro, passei por lugares fantásticos, e de beleza estonteante. Lugares onde nos conectamos com uma beleza natural maior, sendo que nunca é exagero utilizar palavras que expressem grandeza para descrever o local, pois o Peru é um lugar realmente mágico e privilegiado do nosso planeta.

Desbravando suas terras, alem de se deparar com as vibrantes e impressionantes ruínas incas e pré-incas, a natureza exerce uma força superior sobre quem visita as visita, o que te prende, te acolhe e ao mesmo tempo te liberta de maneira intensa.

Em meio às enormes montanhas e os hipnotizantes horizontes, me deparei com o poder daquela terra, e o que normalmente descrevia como imensidão, ficou pequeno perto do que avistei e senti. Incríveis trilhazinhas que desafiavam todos nossos medos de altura e nos levam a lugares como a antiga cidade de Pisac, nos tocam de maneira sublime.

Caminhando pelos penhascos de Pisac, enquanto admirando a exuberante vista do vale sagrado, entras em contato com outro padrão de visão da terra, e conseqüentemente do universo, e então facilmente se estiver aberto e concentrado, sentes uma interconexão com o todo.

No topo da cidade antiga de Pisac, na qual entre diferentes e avançados esquemas de terrenos para plantação, ruínas e observatórios astronômicos, encontra-se a “coroa do condor”, uma denominação que o povo inca deu para o ponto mais elevado dessa cidade. Lá participei de uma inesquecível vivencia em grupo, que depois de já energizado por estar e ter caminhado pelo local até o topo, realmente me senti intensamente conectado com o cosmos. Sentidos foram aguçados, e a percepção claramente se aflorou.

Em Pisac, definitivamente entendi mais e mais o significado das palavras: vibração e interconexão... Foi maravilhoso!

Musica

O Peru é um país nitidamente muito musical, sendo a grande maioria de sua população é tanto ligada quanto apaixonada por musica.

Muito presente em diferentes locais, como em rituais, restaurantes, ruas, e até nas montanhas, como surpreendentemente presenciei em Pisac, facilmente consegue-se ouvir a musica peruana em diferentes locais, muitas vezes inclusive acompanhados por dança, o que no Peru é bastante comum e tradicional.

Na musica peruana há uma grande multiplicidade de instrumentos, que entre tambores, violões e violinos, destacam-se os instrumentos de sopro, desde os mais conhecidos como flautas, trompetes e etc, até as impressionantes “antaras” (... que som maravilhoso sai daquele genuíno instrumento peruano), instrumento que os peruanos maravilhosamente dominam, emitindo sons através de calculadas sopradas aleatórias que nos encantam completamente.



Machu Pichu

Localizada estrategicamente no topo de uma gigantesca montanha e rodeada por varias outras de beleza exuberante, Machu Pichu é até hoje uma das cidades antigas mais conhecidas do mundo, sendoi à única cidade Inca que felizmente não foi encontrada pelos espanhóis, sobreviveno completamente até os dias atuais.

Fazendo parte do roteiro de quem visita a cidade, também está à magnífica montanha “Wina Pichu”, que colada na cidade, também faz parte dela, inclusive com algumas construções muito próximas de seu topo.

Um dos destinos mais aguardados por todos na viagem, Machu Pichu com certeza impressionou, e mesmo com centenas de turistas de todos os lugares do mundo circulando diariamente na cidade, a energia permanece forte, viva e digna de contemplação.

Incríveis construções labirínticas recheadas de símbolos, templos, portais e observatórios astronômicos preenchem o território do local, que não por menos, é considerada uma das grandes maravilhas naturais e arquitetônicas do nosso planeta. Um local vibrante, magnético e de energia “suprarreal”, Machu Pichu te toca e te energiza completamente. Lugar perfeito para a contemplação, meditação e harmonização dos sentidos, o destino é realmente incrível e digno de ser conhecido por todos os interessados em presenciar um nível energético espiritual acima do nível. Quem não conhece, talvez não faça idéia do que é meditar ou contemplar aquele lugar...

Uma emoção inesquecível.


Um Acontecimento Especial

Ainda no Brasil, as vésperas da viagem, premeditei um desejo especial meu, que era levar meu ipod com minha musica preferida, que por sinal tem alto poder energético e liberador, para ouvi-la quando estivesse nos picos mais incríveis e místicos do Peru, pois pensava assim: se essa musica já me traz uma sensação e harmonização maravilhosa mesmo nos lugares mais ordinários... imagine ouvi-la em Machu Pichu, o que prazerosamente consegui realizar.

Foi algo inesquecível... mágico e libertador, que inclusive depois de ter realizado o desejo, tive que proporcionar a meus colegas o mesmo, que também “surtaram”... rsrs. A musica que voz falo, é uma musica chamada “Porcelain”, do DJ e musico britânico, “Moby”. Eu já a caracterizava como “Magia ou Melodia?”, então, imaginas o que foi ouvi-la naquele lugar...

Depois de toda essa descrição vou dizer em apenas uma palavra para descrever o que senti: Transcendental! Indico fazer o mesmo em qualquer lugar místico que visitar, é uma dica minha, que dificilmente se arrependerá ao pratica-la. É algo que senti e gostaria de compartilhar com todos que puderem fazer o mesmo, vale muito a pena!

Um desafio e uma mega recompensa

Um desafio, e ao mesmo tempo um presente pra quem pode e tem o prazer de visitar Machu Pichu, é escalar a “trilha encantada” na poderosa Wina Pichu. Pra chegar até seu topo, vale cada respiração e esforço para a realização do feito.

No caminho se tem uma privilegiada vista da cidade, que entre as trilhas nos penhascos, por sinal muito bem equipada com cabos de aço servindo de apoio durante a subida ou descida, o caminho é bem florido e cheio de arbustos que amenizam a dificuldade praa quem tem medo de altura.

Depois da extensa caminhada que te leva ao topo, tem-se uma sensação esplêndida, o visual, e a grande quantidade de nuvens em volta da montanha te dão à mágica sensação de estar “literalmente no céu”!

Em fim, fica ai a dica pra quem visitar a cidade, que chegue um pouco mais cedo e reserve umas horinhas para o desafio. É muito compensador.


De volta a Cusco: Protesto

No tempo em que passei pelo Peru, presenciei no dia 7 de fevereiro, um feriado nacional. Nesse mesmo dia, em Cusco, ocorreu uma greve feita pelos peruanos onde houve passeatas e manifestações pelas ruas, que por sinal foram extremamente organizadas, contrapondo duas novas leis que estão a ser assinadas pelo governo local.

A primeira, que daria direito a países estrangeiros trazerem e instalarem no Peru e em suas terras sagradas, grandes hotéis e comércios de nomes multinacionais. O que, alem de prejudicarem os trabalhadores e investidores peruanos, que sobrevivem quase que totalmente desse turismo internacional, invocaria numa perda da essência cultural e visual de suas cidades.

A segunda, outro gravíssimo erro, seria a privatização de Machu Pichu por empresas multinacionais, o que alem de contribuir para uma nova e errônea roupagem da historia do local, aos poucos, segundo estudos arqueológicos, ocorreria uma destruição e queda do local que se encontra em zona montanhosa.

Machu Pichu hoje, já está recebendo uma capacidade maior de visitantes do que a recomendada. Os trens, que são o meio de transporte da cidade de Ollyntaitambo até a cidade de Aguas Calientes (cidade que formou-se abaixo das montanhas de Machu Pichu, dando acesso a antiga cidade Inca) já foram privatizados e possuem linhas e horários que levam turistas de Ollamtaytambo a Aguas Calientes de meia em meia hora, o que aos poucos vem comprometendo a sustentabilidade natural das montanhas de Machu Pichu diariamente devido ao grande transito de turistas na região, gradativamente fazendo ceder o terreno pra baixo, podendo um dia se perder completamente.

Então imagine o que o governo Peruano, se não repensar a “idéia”, numa estratégia econômica furada, está sendo capaz de fazer.

Será que a saída para o levantamento de fundos econômicos ao pais é contribuir para a perda do caráter cultural, patriota e sagrado das sua antigas cidades?

O que pode ser uma forma de destroçá-las completamente no futuro, seria um meio inteligente de levantar fundos para uma melhora econômica ao pais? Esse é o meio? Mesmo?

A conclusão que cheguei é que a influencia dos podres poderes capitalistas do mundo comtemporâneo são tão grandes, que estão sendo capazes de corromper preciosos valores e crenças como as do Peru por um melhor status social, levando a perda de caráter, personalidade e destruindo natureza por dinheiro.

É claro que a situação econômica e social do Peru realmente necessita de uma atenção especial, porem seria essa a única solução?

Um pais tão rico cultural e filosoficamente como o Peru está então cada vez mais perdendo identidade por influencias dessa pobre evolução política regida pela massificação global do capitalismo, e conseqüentemente perdendo suas raízes e chances de recuperar o estrago que outras civilizações inconscientes ou realmente más não tiveram a capacidade de reverenciar e aproveitar, contribuindo mais e mais para a perda da essência espiritual universal do nosso planeta.

O que me parece, é que com a possível aprovação dessas leis, o governo Peruano será quase ou tão destruidor com suas terras, valores, e essência como foram os espanhóis há séculos atrás, sendo responsáveis então por todo o regresso evolucionário que possuíam por razões capitalistas furadas.

Resta-me então, torcer, e torcer mais, para que tais manifestações obtenham um resultado positivo, e realmente chamem atenção dos dirigentes, governantes e autoridades peruanas, para o que pude presenciar, sentir e aprender no Peru ainda possa ser aproveitado por muitos e muitos a partir de uma escala de alistamento mais controlada, para então ser usufruída moderadamente e conscientemente.

Em fim, fica aqui meu protesto, e uma forte vibração energética de força e sensatez ao povo e governantes peruanos para que encontrem uma saída para tal calamidade anunciada, saindo dessa, para uma nova e iluminada solução para seus problemas.


O ultimo destino: Lima

Lima, a capital do Peru, possui mais de 10 milhões de habitantes e a grande maioria da população do Peru vive lá.
Apesar grande maioria de sua população ter saído do interior do Peru na busca de melhores condições de vida na cidade, Lima é uma cidade ainda muito pobre, alem de extremamente violenta, e logo que sai do aeroporto me deparei com a grande miséria da população.

Já no caminho do hotel, que se localizava na parte nobre da cidade, notei que muitas das casas no subúrbio continham apenas a laje, e então questionei a respeito com meu guia, que me passou um dado muito peculiar da cidade: Em Lima não chove uma gota de água há 20 anos! Fiquei bastante intrigado com a informação claro, e apesar de logo entender porque aquelas casas mais simples não tinham telhado claramente por motivos econômicos aliados a uma evidencia climática, logo surgiu outra questão ainda maior: Como será o abastecimento de água na cidade, já que não há chuva por lá há tantos anos? Então novamente meu guia me explicou: Lima é uma cidade que fica no nível do mar, no caso o Pacífico, e rodeado por outras cidades que estão a um nível bem mais elevado que se chove muito, o abastecimento e a canalização de água da cidade se da graças à descida dessas águas através de grandes rios que trazem água em abundancia das cidades mais altas como Cusco, por exemplo, até Lima.

Outro dado interessante, é que apesar de não chover a tanto tempo na cidade, constantemente tem-se a impressão que começara a chover, pois o nível de umidade da cidade é surpreendentemente alto.

Miraflores e o Centro Histórico

Já chegando a Miraflores, me dei conta do incrível contraste do bairro com as outras localidades de Lima, tudo bem, isso acontece inclusive em pequenas cidades de vários lugares do mundo, mas Lima possui apenas dois bairros nobres enquanto todo o restante de sua gigante população fica num mega subúrbio.

Miraflores, junto a outro bairro nobre, inclusive freqüentado por muitos artistas de renome no Peru, abrigam a maioria da rede hoteleira da cidade, muito comercio, shoppingcenters, grandes casarões e restaurantes (onde alias, come-se muito bem); com toda sua extensão banhada pelo Pacífico. Um lugar muito agradável que possui uma extensa costa cheia de parques e muito verde, sendo a única localização da cidade onde se pode caminhar e conhecer a cidade sem medo de ser assaltado.

Já no centro histórico, existem muitas antigas igrejas e palácios que ajudam a contar a historia arquitetônica, política e social da cidade, onde enormes construções antigas freqüentemente são restauradas exibindo beleza e imponência. É lá também onde ainda hoje se localiza a grande concentração dos grandes poderes políticos do Peru. Um lugar muito interessante de se conhecer.


As Ruínas

Lima também possui muitos passeios turísticos, passeios esses onde se encontram grandes e importantes ruínas que também fazem parte da historia Inca.

Ao visitar esses locais, a bela vegetação chama a atenção, e vários dos incríveis templos como o templo do sol e da lua. Apesar de estarem em ruínas, ainda nos contam muito de sua antiga cultura e arquitetura, tendo inclusive um pequeno museu na área das ruínas que exibe varias peças encontradas por lá, contando um pouco mais de sua historia, costumes e técnicas de artesanato.

Nesse mesmo território, fomos surpreendidos quando nos deparamos com um movimento muito similar ao dos “Sem Terra” no Brasil, que escolheram e se apropriaram de terras sagradas muito próximas das ruínas, muitos deles numa área em que se enterravam múmias de seus antepassados. É um local muito interessante de se visitar e com um caráter profundamente antropológico.

Em fim, Lima é uma cidade muito interessante e com uma historia que vem sendo contada dia a dia. Lá conheci pessoas de todo o mundo e lugares muito interessantes que fecharam minha viagem ajudando a entender melhor os processos sociais e políticos do Peru.



Despedida, Tchau Tchau Peru

Após dois dias em Lima, arrumei minhas malas, empacotei meus “souveniers” e embarquei no aeroporto internacional rumo à volta ao Brasil. E aqui estou, compartilhando e descrevendo um pouco de tudo que vivi e conheci por lá, visitando, sentindo e entendendo um dos países mais interessantes do nosso planeta.

Uma viagem que certamente se ganha inúmeros conhecimentos pessoais, sociais, históricos e principalmente espirituais, como o respeito, o prazer da contemplação, a união e a harmonia com o cosmos, acrescentando e glorificando nossa visão de mundo e conseqüentemente edificando e expandindo nosso ser.

Namaste*